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AS PATRÍCIAS – INTELIGÊNCIA EM MODA

Atualizado: 5 de fev. de 2021


Fotos: Jean Kruze
Fotos: Jean Kruze

Mesmo sendo mulheres diferentes, com identidades próprias, elas pensam de forma parecida. É como dois opostos que, na verdade, são iguais, se complementam. Tendo como base a produção de conteúdo, elas deram vida a um empreendimento que completou 15 anos em 2019. Deste alinhamento de valores e desta sintonia de olhares sobre moda, estilo e comportamento, nasceu uma fina, elegante e sincera trajetória. Tanto é assim que elas definem que a parceria profissional d’As Patrícias é um encontro de almas. “É muito além do físico. Deu certo porque nossas almas se deram bem. Nossa história é espiritual”, acredita a Pati Parenza. “Somos o melhor casamento que já tivemos. Temos uma relação afetuosa, criativa e harmônica”, acrescenta a Pati Pontalti.


Jornalistas de formação, As Patrícias estão em constante movimento, acompanhando tendências e atuando em diversas áreas: na produção de conteúdos; na concepção de ideias e eventos relacionados à moda; na assinatura de curadorias; em treinamentos e palestras. Os projetos são desenvolvidos de acordo com a necessidade e o estilo de vida de cada cliente. Neste ano, elas também assumiram a Curadoria de Moda do Farol Santander, de Porto Alegre, que promove ciclos mensais de debates e reflexões sobre moda e os cruzamentos que atravessam essa linha, como a tecnologia e, claro, a comunicação.


Juntas, elas têm mais de 45 mil seguidores em seus perfis no Instagram. Mais do que influenciadoras digitais, são personalidades reais deste dinâmico universo do estilo. É por essas e outras razões, que a revista MChic escolheu As Patrícias para estrear sua seção de entrevista. Foi um bate-papo sobre a presença das pessoas nas mídias sociais. Em tempos de muitas conexões, elas “dão a letra” de um código atemporal da moda: gentileza e boa educação. É muito chic!


NESTA ERA DAS CONEXÕES, A TRANSPARÊNCIA NAS MÍDIAS SOCIAIS É REAL?


Patrícia Parenza - Assim como na vida real, a gente transparece o que a gente quer. Se eu quiser demonstrar que sou uma pessoa grosseira e estúpida, isso vai ficar evidente online ou offline. Se eu quiser mostrar que sou uma fofura de pessoa, consigo também. Não vejo muita diferença, então, entre o real e o virtual. Com o passar do tempo, as pessoas começaram a perceber o que é real e o que não é. Vida cor-de-rosa não existe para ninguém. Aliás, hoje em dia, o que mais engaja em rede social é quando as pessoas se expõem e falam de suas vidas, de suas dores, e não só de felicidade. Nas redes sociais você mostra o ponto de vista que quer.


Patrícia Pontalti - Me questiono o que é real, porque o real é editado o tempo inteiro. Mesmo quando as pessoas mostram suas dores, elas podem editá-las, porque uma determinada dor pode ser mais interessante para quem está me seguindo do que outra. As pessoas buscam engajamento, não necessariamente de forma profissional, mas o like é o objetivo, a visualização é o objetivo. Acho que não é uma não-verdade, mas é uma edição. A verdade está ali, mas foi editada. A gente mostra as partes que nos interessam. As pessoas têm de ter essa compreensão. A vida é feita de percepções e vivências, e a rede social é um reflexo disso.


NESSE CONTEXTO, O ESTILO, A MODA E A BELEZA GANHARAM MAIS ESPAÇO NA VIDA DAS PESSOAS?


Pati Parenza - Totalmente. As mídias sociais deram voz às pessoas, onde cada um mostra o seu estilo, o seu jeito de usar determinada peça, a sua maneira de interpretar uma tendência, e isso tudo é muito bacana. Existem movimentos bem interessantes nas redes, de grupos que têm uma afinidade, que criam seus discursos de forma conjunta e estão expandindo isso, estimulando outras pessoas a fazerem mais e melhor, em várias áreas.


Pati Pontalti - Sim, fez com que todos tivessem uma preocupação maior com a imagem. As redes sociais são inclusivas, não excluem ninguém. E isso é uma tendência. As pessoas seguem quem elas querem, o que também é inspirador. No nosso caso, nos preocupamos em sermos mais otimistas, mais gregárias, porque faz parte das nossas crenças. Sabemos que as pessoas nos olham e se preocupam em saber se elas estão bonitas. Mas hoje elas têm o poder e a condição de se mostrarem bonitas. A gente se preocupa em não causar trauma, não isolar e não diferenciar, e sim, em aproximar pessoas dos mais diferentes meios. Quem está disposto, pode se sentir melhor. E uma pessoa melhor é a tua melhor versão. Pode ser mais saudável, mais feliz, mais elegante, mais divertida, mais estilosa. Isso ganha um eco muito grande.


COMO AS MARCAS ESTÃO SE POSICIONANDO AO QUE SE CONVENCIONOU CHAMAR DE CONSUMO CONSCIENTE?


Pati Parenza - É uma micro parcela de marcas e consumidores envolvidos neste processo. Estamos no início. É uma sementinha que está vindo. Prefiro dizer que é o consumo necessário. Acho que daqui a dez anos teremos uma parcela mais real de pessoas conscientes em relação ao consumo. Há duas vertentes que andam juntas. Nos países menos desenvolvidos, incluindo o Brasil, a classe C começou a comprar há pouco tempo, então não tem como dizer a essas pessoas para não consumir. Elas tendem a comprar loucamente por um bom período. Por outro lado, e principalmente na Europa, existe um movimento acontecendo por parte de quem comprou muito e agora quer parar de consumir. No nosso caso, ainda estamos na onda do consumo e algumas marcas mostram o lado do consumo consciente apenas por obrigação.


Pati Pontalti – No Brasil, ainda não temos um público preparado para isso. O Rio Grande do Sul, por exemplo, produz cerca de 70% da moda sustentável do Brasil. Há um celeiro de pequenos criadores neste nicho do mercado. Só que este número representa muito pouco diante da fabricação total de peças. Acho até meio antagônico isso de consumo “consciente”, pois dá a impressão de ser algo oposto. A Zara, que é uma grande fast fashion, lançou um projeto para se tornar mais sustentável até meados de 2025, aumentando o uso de materiais orgânicos nas roupas, tentando diminuir o excedente de sua indústria. Então existe uma tendência e uma necessidade de se preocupar com essas questões, só que é um movimento que ainda não se traduz em um número significativo de produção. Ao mesmo tempo, é inevitável que as grandes empresas comecem a pensar nisso desde já, pois vai fazer diferença no futuro.


QUAIS SÃO OS CÓDIGOS ATEMPORAIS DA MODA?


Pati Parenza: Gentileza e boa educação. É isso que vai ficar, e não a roupa que a pessoa está usando. É a maneira que você interpreta a mesma roupa que o outro está vestindo. E onde estão os teus valores. Elegância é um sorriso. A elegância está em respeitar, também, o ambiente onde você está. E isso vale para tudo, seja para o mundo corporativo, seja para um jantar, um casamento, uma reunião de negócios. É preciso entender e passar a respeitar o outro na forma como a gente se veste. Se você tem uma reunião numa indústria metalúrgica você deve se vestir de forma adequada àquele ambiente de trabalho.


Pati Pontalti: Minha resposta é a mesma. O que não sai de moda é a gentileza e a boa educação. Isso tem relação com as escolhas certas no teu guarda-roupa e no tratamento com o outro. Estilo é a maneira como você veste a mesma roupa que o outro está usando. O que faz essa diferença? É a personalidade. É quem veste a roupa. Elegância é gentileza e boa educação é respeito ao outro. Uma pessoa gentil se diverte em variadas situações, das mais simples às mais sofisticadas, transitando por diversos ambientes com a mesma desenvoltura porque ela está despida de preconceitos. Não dá para impor o teu gosto o tempo inteiro. O que não pode hoje na moda? É difícil dizer porque ela é muito permissiva, o que é bom. No entanto, se estou em uma empresa mais tradicional não posso usar determinado tipo de roupa porque não faz parte do código dos colaboradores. Não dá, por exemplo, para usar short em um tribunal! A convenção está errada? Podemos até questionar isso, mas é uma convenção e precisamos respeitar os limites que já fazem parte da nossa vida.

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