top of page

MARÇO AMARELO

Muitas mulheres enfrentam problemas durante a menstruação, como cólicas, mudanças de humor, dor nas costas e diversos outros sintomas característicos deste período. Porém, é importante ficar atenta quando as dores parecem ser insuportáveis, pois pode ser um sinal de endometriose.

Foto/Reprodução Freepik

Apesar de ser um tabu ainda mantido pela sociedade, a menstruação é algo extremamente comum, e em consequência da falta de informação por não se falar sobre o assunto, diversas doenças podem se desenvolver sem que a mulher procure orientação médica. Um desses casos é a endometriose. Em março, o mês é voltado mundialmente para a conscientização desta doença.


Cerca de 170 milhões de mulheres no mundo possuem endometriose, e no Brasil, 7 milhões segundo a estimativa da Associação Brasileira de Endometriose. Para entender um pouco melhor desta doença, convidamos a ginecologista Daniela Letti para conversar sobre a endometriose.


E: Há quanto tempo você atua como ginecologista?

D: Terminei minha residência médica em 2006, e desde então, atuo na área de ginecologia e obstetrícia na cidade de Farroupilha.


E: Por que escolheu esta especialidade?

D: Sempre tive interesse pela ginecologia, pois engloba várias áreas da medicina. É necessário ter conhecimento clínico, mas também conta com a parte cirúrgica. Além disso, ainda existe a desafiadora mas apaixonante obstetrícia.


E: O mês de março possui uma campanha sobre a endometriose. É uma doença muito comum em suas pacientes?

D: Infelizmente a endometriose é uma patologia que afeta milhões de mulheres, e também é vista com muita frequência no meu consultório particular.


E: O que é a endometriose?

D: A endometriose é uma doença crônica que afeta mulheres em idade reprodutiva. Consiste na presença de tecido endometrial fora do útero. Esse tecido, que habitualmente reveste a cavidade uterina, cresce no início do ciclo menstrual, transforma-se após a ovulação para permitir a implantação de um possível embrião e descama durante a menstruação para voltar a crescer no ciclo seguinte. O tecido fora do útero responde de forma semelhante ao interno, com ciclos de crescimento e descamação, causando inflamação e fibrose, que por vezes se associa a coleções de sangue e restos de células endometriais, chamados endometriomas.

A apresentação da endometriose pode variar desde um acometimento leve, até doença mais grave, como a endometriose profunda. Essa pode atingir inclusive órgãos fora do sistema reprodutivo, como o intestino. A endometriose no ovário é a apresentação mais frequente na prática clínica.


E: Como é diagnosticada a endometriose?

D: Para o diagnóstico de endometriose, é muito importante a avaliação clínica da paciente. Os sintomas mais comuns são dores pélvicas intensas no período menstrual e fluxo excessivo. Na endometriose profunda, esses sintomas costumam estar associados a dor durante a relação sexual, dor nas costas e dores pélvicas frequentes. Pode-se também suspeitar de endometriose durante o exame físico ginecológico, quando se percebe diminuição da mobilidade uterina e dor aumentada ao toque bimanual. Muitas vezes, a primeira manifestação da endometriose é a infertilidade.

O diagnóstico definitivo de endometriose é feito através da análise de tecido obtido por biópsia de um órgão afetado, realizada durante o procedimento de videolaparoscopia. Nem sempre é possível ou desejável fazer este exame, e muitas vezes o tratamento se inicia pela forte suspeição clínica, compatível com resultados de outros exames menos invasivos. A ecografia vaginal em 4D e a Ressonância Magnética são grandes aliados no diagnóstico da doença.


E: Qualquer mulher pode desenvolver endometriose ou existe algum critério específico?

D: As causas da endometriose ainda não são totalmente conhecidas, mas a maior suspeita é relacionada com a menstruação retrógrada. Alguns fatores fazem com que uma mulher apresente maior predisposição para desenvolver a doença. São exemplos: menarca precoce, não ter tido filhos, menstruação excessiva, anormalidades da anatomia uterina e fatores genéticos. Mulheres com mãe ou irmã portadoras da patologia tem em média 6 vezes mais chances de desenvolver a doença.


E: Como é realizado o tratamento?

D: O tratamento da endometriose engloba o físico e o psicológico. A forma de tratamento dependerá da extensão da doença. também de fatores como idade, e o fato de a mulher já ter engravidado ou não. Podem ser usados medicamentos com a finalidade de frear a progressão da doença ou tratamento cirúrgico.


E: Quais maneiras existem de se levar uma vida confortável com endometriose?

D: A vida com a endometriose pode ser um pouco difícil, pois é uma doença crônica e sem cura. Temos sempre o intuito de melhorar a qualidade de vida da paciente e tentar preservar a sua fertilidade. A maior orientação é começar acompanhamento ginecológico cedo, se possível, após a menarca. Dessa forma, conseguimos identificar pacientes com maior risco de desenvolver a doença e assim podemos utilizar meios de evitar seu desenvolvimento e progressão.

Dra. Daniela Letti, ginecologista.

Faça seus exames regularmente e fique atenta aos sinais. Cuide-se!

91 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page