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NOVEMBRO AZUL

Novembro chega como um mês para pensar. Diversas causas são abordadas e faladas, buscando sempre informar e conscientizar a população. Nós, da Revista MChic, não poderíamos deixar de fora um assunto tão importante: o câncer de próstata.

Foto/Reprodução Freepik

O novembro azul surgiu em 2003, na Austrália, com o nome de Movember. O objetivo foi e é até hoje, conscientizar os homens sobre sua saúde, e no dia 17 de novembro, é comemorado o dia mundial do combate ao câncer de próstata.


Esse câncer é o segundo que mais atinge homens no Brasil, e no mundo, ocupa uma porcentagem de 13,5% de todos os cânceres diagnosticados. No ano de 2020, a estimativa do INCA (Instituto Nacional de Câncer) é de que surjam 65 mil novos casos, e 15.576 mortes devido a doença. Sua mortalidade é alta, porém, com a detecção precoce, há 90% de chance de cura.


Porém, para detectar o câncer de próstata, é necessário realizar um exame de toque, o que acaba sendo um tabu para muitos homens, visto que é feito de forma retal. Algumas pessoas deixam de fazer o exame, justamente pelo preconceito que o rodeia, e isso pode trazer muitos problemas, porque os sintomas do câncer de próstata só aparecem quando ele já está avançado.


Por isso, trouxemos o urologista Dr. João Amilton Letti, para desmistificar o processo e também explicar a importância da prevenção.


E: Há quanto tempo você atua na área?

J: Eu atuo na área da urologia, em Farroupilha, fazem 30 anos.


E: Por que escolheu esta especialização?

J: Escolhi essa especialização, pois é uma especialidade bastante desafiadora, com uma gama de atuação bastante grande, e muitos casos atingem desde crianças até adultos. É uma especialidade que pega todas as faixas etárias.


E: Quais são os sintomas do câncer de próstata?

J: Os sintomas do câncer de próstata são muito pouco acentuados no início, isso significa que numa fase inicial, praticamente não dá sintomas. Ele vai mostrar sintomas quando estiver mais avançado, nesse caso nos ossos ou em outros órgãos, mas a princípio ele quase não dá sintomas. As principais alterações são a dificuldade para urinar, sangue na urina também é possível, e quando o tumor já está mais avançado, ele costuma dar dores ósseas, principalmente naquelas pessoas de mais idade, e onde o tumor já está mais avançado.


E: Qual a incidência de casos?

J: Se sabe que o câncer de próstata é o segundo câncer mais incidente no homem, atrás apenas do câncer de pele, então, ele tem muita incidência.


E: Qual a faixa etária com maior número de casos?

J: Ele aparece a partir de 45-50 anos, é a faixa etária que mais começa aparecer. Quanto maior a idade, maior a chance de ter câncer de próstata, então o cuidado do homem deve ser acima dessa idade.


E: Como é feito o tratamento?

J: O tratamento do câncer é feito de acordo com o estágio, de acordo com o quanto ele está avançado ou localizado. Se o câncer está localizado, o tratamento é feito normalmente com a cirurgia ou a radioterapia. Se ele está avançado, se usa a medicação, a quimioterapia, hormonioterapia. Mas, normalmente, o tratamento é feito com cirurgia ou com radioterapia.


E: Como é feita a prevenção?

J: A prevenção do câncer de próstata é feita basicamente pelo exame anual da próstata. O exame da próstata é feita pelo toque retal, e pelo exame de sangue PSA. O exame de sangue é muito importante para ver se há alguma alteração na próstata, ou não. E o toque retal também é necessário, porque muitas vezes o exame de sangue se apresenta normal, e no toque aparece alguma alteração, normalmente um nódulo endurecido na próstata, então, quem tem um nódulo ou uma área endurecida na próstata, tem uma chance muito maior de ter o câncer.


É necessário que o homem acima de 45-50 anos faça sua prevenção anual, porque se for esperar pelos sintomas, quando eles aparecerem, esse câncer já estará mais avançado.


E: Ainda existe preconceito contra o exame? Isso também pode interferir no prognóstico?

J: Hoje em dia, o preconceito contra o exame do câncer de próstata está praticamente abandonado. A maioria dos homens já tem esse tipo de conscientização de que é necessário fazer o exame. Quando pega o tumor no início, ele é tratado, e há uma chance muito maior de cura. É muito importante fazer a prevenção, e, como eu disse, o preconceito está bem menor.


E: A partir de um resultado positivo, como será o tratamento?

J: A partir de um resultado alterado no exame do toque ou de sangue, se faz a biópsia da próstata. Biópsia da próstata é um exame onde se vai com uma pequena agulha por meio do reto, e se retira um fragmento da próstata para mandar examinar. Feito esse exame e se resultar em câncer de próstata, vai se fazer o estadiamento.


O estadiamento quer dizer que será descoberto se o câncer está localizado apenas na próstata ou, se ele já passou para outros órgãos, principalmente para os ossos.

O tratamento de acordo com o grau, de acordo com a posição ou de acordo com as metástases, é feito de forma diferente. O ideal é pegar o câncer no início onde o tratamento cirúrgico e a radioterapia tem mais efeito e tem uma boa chance de cura. Quando esse câncer está mais avançado, o tratamento é feito a base de hormônio e quimioterapia, que também dão bons resultados, mas a chance de cura é menor.


E: Qual conselho você daria para os homens?

J: O conselho principal para os homens é principalmente, acima de 45 anos, quem tem caso de câncer de próstata na família, um irmão, tios ou pais, a chance de desenvolver o tumor é muito maior. O tumor tem uma tendência bastante hereditária, e quanto maior a chance do câncer, maior a chance de ser descoberto, e se descoberto a tempo, é feito o tratamento logo.


O mais importante é o exame preventivo do câncer de próstata. O homem, uma vez por ano, deve fazer o seu exame, e tendo feito diagnóstico se faz o tratamento. O problema é deixar passar o tumor e se perder a chance de cura. Deve-se fazer a prevenção, e principalmente nessas datas, onde existem essas campanhas, é muito bom, pois ajuda o homem a relembrar desse fator, que muitas vezes pode esquecer que tem esse problema e deixar passar.

As campanhas são muito efetivas nesse sentido.

Dr. João Amilton Letti, urologista há 30 anos.

Previna-se!

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