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O DESIGN PELAS MÃOS

Atualizado: 5 de fev. de 2021

De acordo com o professor Marcos Vinícius Benedete Netto, dos cursos de Bacharelado em Design, Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil e de Tecnólogos em Design Gráfico, Produto e Moda do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), entender o que o consumidor quer e de que forma ele pode se conectar a uma marca é a grande inovação do design atual. No caso da vinícola Luiz Argenta, de Flores da Cunha, que foi destaque na primeira edição da revista MChic por conta da linha de vinhos LA Jovem - elaborada especialmente para as garrafas design, há a possibilidade de aliar a beleza de uma garrafa de vinho à apresentação visual dos pratos. Não é por nada que usamos a expressão “comer com os olhos”. A gastronomia nos leva à experiências prazerosas tanto pelo paladar quanto pela beleza das louças onde os alimentos são servidos e apresentação dos pratos. Em Caxias do Sul, a ceramista Tanara Mallmann vem consolidando sua marca com um belo repertório de louças (além de diversas peças decorativas) solicitadas por chefs de cozinha e bistrôs, que representam 90% de seus clientes. “É muito bom trabalhar com algo que encante as pessoas. A cerâmica utilitária é como se fosse a moldura de um quadro. Uma louça bonita valoriza ainda mais o preparo do chef”, diz.


Graduada em Direito, Tanara deixou para trás uma carreira promissora na área da advocacia para dar espaço a sua verve criativa, alterando sua rota profissional ao ingressar num curso de cerâmica em Porto Alegre. O ano era 2010 e ela lembra que além de ficar encantada com todo o processo de criação de uma peça, teve uma identificação muito rápida com este ofício que depende totalmente das mãos para moldar os mais variados objetos. “Sentir a presença dos quatro elementos, mexer na argila, ver a água evaporando em contato com o ar e depois saber que o fogo faz toda essa alquimia acontecer é apaixonante. É algo vivo, latente, além de ser terapêutico”, reflete.



As peças são “queimadas” a uma temperatura de aproximadamente 1.200°C. Para Tanara, cada abertura de forno é como abrir um pacote de presente, onde existe a expectativa de como a peça ficará, já que nenhuma será idêntica à outra. “O processo da cerâmica é muito a vida como ela é. Nesse sentido, passamos a aceitar as coisas como elas são e a respeitar o tempo de desenvolvimento de cada coisa. Não é possível acelerar etapas, pois o objeto pode rachar e quebrar. Cada peça é única e tem uma beleza própria”. Dependendo da complexidade, uma peça pode levar até 15 dias para ficar pronta. Na etapa da esmaltação, Tanara utiliza um vidrado sem toxidade (chumbo free). “Os esmaltes são um mundo à parte dentro do universo da cerâmica, assim como a questão da mistura dos elementos da natureza para se chegar aos pontos de fusão e coloração exatos”, afirma Tanara.


De acordo com o professor Marcos Vinícius, quando a criação de um produto é manual há todo um período de tempo reservado ao exercício de pensar, de explorar a sensibilidade e a capacidade de desenvolver um bom acabamento, de transformar um esboço em um objeto esteticamente agradável de se ver e de se ter. “O consumidor sente isso e as indústrias estão começando a entender a volta destes princípios inerentes ao ser humano. É diferente de um produto de massificação, que é impessoal e foi feito para não durar. Uma parcela da sociedade não aceita mais o descartável”.


A experiência positiva de consumo sempre vai marcar as pessoas. Desde o primeiro contato que temos com um restaurante, passando a entender o conceito do ambiente em que ele está inserido, até o delicioso momento de provar o vinho e a comida, passamos por uma série de sensações. Na visão, no tato, no olfato, no paladar, está tudo interligado.



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